Autor: Dr. Jorge Doroteo Molina
Todo sintoma é um sinal de alarme do organismo,
sinalizando que o mesmo está fazendo um trabalho que necessita ser
estudado. Um desses sintomas é particularmente importante e necessita
ser respeitado, a FEBRE. Cada sintoma é um aviso, um amigo que nos
informa que algo (errado ou não) está acontecendo em nosso corpo e como
tal deve ser compreendido e considerado.
A FEBRE é um sintoma que tem muita importância na defesa do organismo,
desempenha papel central na resposta imunológica do sistema e se
constitui em valioso sinalizador em relação ao diagnóstico e evolução do
enfermo.
Os clínicos e os pesquisadores que tentaram durante gerações explicar a
ação protetora da febre durante os processos infecciosos atualmente têm
recebido da imunologia um valioso suporte em relação aos seus
argumentos. (Smith and Thier – Tratado de Fisiopatologia).
A FEBRE indica como e em que nível as nossas respostas orgânicas estão
atuando. É sabido, por exemplo, que os pacientes portadores de cânceres
ou a eles predispostos raramente têm febre. Desenvolver febre significa,
em linhas gerais, estar com o sistema imunológico em atividade, isso não
quer dizer que o paciente não deva ser acompanhado, pelo contrário, o
comportamento febril informa com precisão sobre a vitalidade do enfermo
e o acompanhamento médico é necessário, mas sem atrapalhar o organismo.
FEBRE até 37,5C (sub febril) significa, a grosso modo, que estão em
atividade apenas algumas defesas humorais que nem sempre são suficientes
para enfrentar processos mais graves, necessitando o organismo
desenvolver temperaturas mais altas para completar sua ação de defesa.
FEBRE até 38,5C significa que teve início uma resposta celular mais
completa, ou seja, glóbulos brancos denominados mastocitos iniciaram a
liberação de substâncias químicas que ativam em até 20 vezes a
capacidade de defesa do organismo. FEBRE até 39,5C/40, significa que
glóbulos brancos denominados linfócitos entraram em ação para aumentar
ainda mais a capacidade de defesa do organismo, principalmente respostas
imunológicas específicas em relação a determinadas infecções e
determinados tipos de germes. FEBRE acima de 40,5C significa que o
centro que regula a temperatura do organismo deve estar sendo afetado
por algo que o está atingindo diretamente, geralmente são infecções
graves em que poderá ser feito o uso de antitérmicos para proteger esse
centro regulador da temperatura corporal e também a todo o organismo. Ao
contrário do que se acreditava antigamente em medicina, o organismo está
perfeitamente adaptado para suportar temperaturas internas de até 40,5C
sem sofrer qualquer dano.
É por isso que os Homeopatas respeitam a febre de seus pacientes,
sabendo que quando ela surge o próprio organismo já está se encarregando
da defesa. A melhor conduta é não atrapalhá-lo, sob o risco de
interromper-se essa defesa e enfraquecê-lo. Não há necessidade de banhos
ou outras atitudes para diminuir a temperatura corporal (rodelas de
tomates nas solas dos pés, compressas frias na fronte e corpo) pelo
contrário, quanto mais tempo o paciente permanecer na condição febril
mais rapidamente ele debelará o processo infeccioso. A febre é como um
forno que o nosso corpo acende para destruir os germes que nos estão
incomodando. Ao fazer a prescrição de medicamentos homeopáticos durante
os processo febris o Homeopata não objetiva abaixar a febre, mas sim
ajudar o organismo a completar esse trabalho de defesa mais prontamente
e contornar os possíveis efeitos colaterais que a acompanham.
Mas... e a convulsão febril ? A convulsão febril se instala em crianças
predispostas, ou seja, com “pequeno defeito de fabricação” em um pequeno
local da superfície do cérebro que dispara quando a temperatura corporal
sobe muito rapidamente, por exemplo, de 36,5C a 38,5C em poucos minutos.
Se a criança não tiver esse pequeno “defeito de fabricação” não
desenvolverá uma convulsão febril e mesmo a convulsão febril hoje em dia
é considerada uma afecção benigna e sinalizadora desse pequeno “defeito”
que poderá ser facilmente contornado pelo medicamento homeopático que
tenha similitude com a unidade psicofísica que é o ser humano.
Portanto, a febre não é apenas uma manifestação primordial das doenças
infecciosas, mas os mecanismos moleculares implicados em sua origem têm
uma ação muito ampla no aumento das respostas imunes nutricionais,
inflamatórias agudas e específicas, necessárias para restringir e
erradicar os organismos responsáveis pela infecção. (Smith and Thier,
Tratado de Fisiopatologia).
Bem vinda a febre!
Texto adaptado para a BVS-Ho. por Dr. Matheus
Marim
Revista Homeopatia para Todos, AMHA, Argentina, n. 4, Ano 1, Novembro/Dezembro-1994
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